06/07/2021 às 09h46min - Atualizada em 06/07/2021 às 10h00min

Conheça a Medicina do Estilo de Vida, que atrai cada vez mais especialistas no Brasil

Prevenir é melhor do que remediar. Esta frase resume os objetivos da chamada Lifestyle Medicine, ou Medicina do Estilo de Vida, que visa ajudar o paciente a adotar hábitos saudáveis e prevenir doenças.

G1 - Saúde
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Prevenir é melhor do que remediar. Esta frase resume os objetivos da chamada Lifestyle Medicine, ou Medicina do Estilo de Vida, que visa ajudar o paciente a adotar hábitos saudáveis e prevenir doenças. Praticar exercícios físicos é um hábito saudável para a mente e o corpo
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Popular nos Estados Unidos, onde é uma disciplina ensinada há quase duas décadas em grandes instituições, como Harvard, a Medicina do Estilo de Vida chegou há cerca de dois anos no Brasil e ganha cada vez mais adeptos entre os profissionais. A prática é baseada em seis pilares, explica a médica cardiologista Caroline Nagano, da Sociedade Brasileira de Cardiologia: nutrição, atividade física, sono, controle do consumo de substâncias tóxicas, manejo do estresse e relacionamentos saudáveis.

Comer bem, por exemplo, significa diminuir o consumo de carne e alimentos industrializados e aumentar o de vegetais. A atividade física considerada mínima para ter um efeito positivo no corpo é de 3 vezes por semana, durante 50 minutos. É importante, aos poucos, deixar de ser sedentário para adotar essa rotina, lembra a médica. O sono também é fundamental para manter a imunidade e melhorar a qualidade deve ser uma medida prioritária. Isso passa pela detecção de distúrbios como a apneia, e a mudança de alguns hábitos, como a diminuição do uso de telas antes de dormir.
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A especialista também cita a diminuição do álcool e o fim do cigarro, responsável por diversas doenças cardiorrespiratórias, como essenciais para preservar a saúde, assim como diminuir o estresse. Caroline Nagano lembra que ele pode ser positivo e impulsionar decisões e mudanças, mas há um limite. A ideia, explica a médica, é reconhecer “a resposta negativa do estresse” e aprender a lidar melhor com o problema, que em excesso pode desencadear ou agravar doenças crônicas ou patologias mentais, como a depressão.
Relacionamentos
O último pilar da Medicina do Estilo de Vida envolve os relacionamentos. Pessoas mais solitárias, que têm menos contatos, correm o risco de morrer mais cedo. “Os mais longevos são aqueles com melhores conexões sociais, com bons relacionamentos em volta, sem negativismo. Poder contar com alguém”, explica a cardiologista. Essas medidas, ainda que possam parecer difíceis de serem colocadas em prática, sobretudo em tempo de epidemia, são a chave para uma vida longa.
“A gente consegue não só prevenir doenças como tratar as principais patologias crônicas de hoje em dia, que são a nova epidemia”, diz. Diabetes, pressão alta, câncer, demência, infarto ou AVC são algumas das doenças que podem ser evitadas, lembra. “A medicina antigamente era mais tradicional e foi ensinada para nós, médicos, focando muito mais na doença, tratando os sintomas. Hoje em dia, essa visão é um pouco diferente. A gente quer promover mais saúde, tratar mais as causas, de uma forma mais ampla e íntegra”, explica Caroline Nagano.
Reconhecimento
A batalha agora é para reconhecer a disciplina no Brasil, tornando-a uma residência ou especialização na carreira de jovens médicos. “A cardiologia, as principais doenças do coração, como pressão alta, infarto ou arritmia, respondem muito bem ao estilo de vida. É um pouco mais difícil, na prática, para o médico. É mais fácil prescrever medicamentos. Mas é o que dá mais resultado, é o que sustenta ao longo do tempo”, diz.
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A epidemia de Covid-19, que gerou um aumento de casos de doenças mentais e, em função das medidas regionais, dificultou a prática de exercícios, contribuiu, acredita a cardiologista, para uma maior conscientização sobre a saúde e o fato de que é fundamental priorizá-la. “Percebo uma procura maior por uma vida mais saudável”, afirma. "Se a gente conseguisse conscientizar os órgãos públicos, como em outros países, e esses hábitos fossem incluídos desde a infância, seria muito mais fácil. Não precisaríamos remediar na fase adulta."

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