08/07/2021 às 15h47min - Atualizada em 08/07/2021 às 18h00min

Covid: Multidões sem máscara, vitória na Euro e variante Delta levantam dúvidas sobre plano de reabertura do Reino Unido

Às vésperas do fim das medidas de restrição, país registra aumento acentuado de novas infecções.

Portal G1
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/08/covid-multidoes-sem-mascara-vitoria-na-euro-e-variante-delta-levantam-duvidas-sobre-plano-de-reabertura-do-reino-unido.ghtml


Às vésperas do fim das medidas de restrição, país registra aumento acentuado de novas infecções. No Piccadilly Circus, em Londres, torcedores bloquearam tráfego enquanto comemoravam vitória da Inglaterra na semifinal da Euro
Reuters/BBC
Às vésperas do fim das medidas de restrição, o Reino Unido vem registrando um aumento acentuado de novos casos de Covid-19 devido à variante Delta.

Um importante fator nesse cenário de aumento do número de infecções também é motivo de orgulho para os ingleses: as vitórias da seleção nas partidas da Eurocopa.
Ao vencer a Dinamarca na semifinal, a Inglaterra vai disputar, pela primeira vez, uma final, que será no domingo (11), em Wembley (Londres), algo inédito desde o título da Copa do Mundo desde 1966.
Dados da universidade Imperial College London indicam que o avanço da Inglaterra na Euro pode explicar o aumento mais rápido das infecções entre homens do que entre mulheres nas últimas duas semanas.
O estudo React, que testou mais de 47 mil voluntários em toda a Inglaterra entre 24 de junho e 5 de julho, confirma uma "terceira onda substancial de infecções". E, segundo a pesquisa, os homens tinham 30% mais probabilidade do que as mulheres de que seu teste desse positivo para covid.
"Pode ser que assistir futebol esteja resultando em homens tendo mais atividades sociais do que o normal", disse o autor do estudo, professor Steven Riley.
Jogo em Wembley: pessoas tiveram que provar que tomaram as duas doses da vacina ou apresentar teste de covid negativo
Getty Images/BBC
No entanto, a pesquisa aponta que as infecções não se traduziram em um grande número de pessoas hospitalizadas ou de mortes. Além disso, homens e mulheres vacinados tinham muito menos probabilidade do que outros de contrair o vírus.
"Apesar do sucesso do programa de vacinação, ainda estamos vendo um rápido crescimento das infecções, especialmente entre os mais jovens. No entanto, é encorajador ver uma prevalência de infecção mais baixa em pessoas que receberam as duas doses da vacina", disse o diretor do programa React, professor Paul Elliott, da Escola de Saúde Pública do Imperial College.
Quase dois terços dos adultos (64%) receberam as duas doses da vacina contra a Covid e as autoridades têm feito campanha para que as pessoas que não tomaram a primeira ou a segunda dose busquem se vacinar assim que possível.
"Peço a todos que tomem a primeira e a segunda dose quando forem convidados, pois cada dose ajuda a conter a transmissão e casos graves", disse o ministro responsável pelas vacinas, Nadhim Zahawi.
Variante Delta e aumento dos casos
Em julho, os casos de coronavírus no Reino Unido subiram para mais de 30 mil pela primeira vez desde janeiro, segundo os números oficiais. Na quarta-feira, foram mais de 32,5 mil casos confirmados.
Com a retirada de mais medidas de distanciamento, a previsão é que o forte aumento continue. O próprio governo já falou em um aumento de casos que pode chegar a 100 mil por dia, à medida que as restrições forem suspensas.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que é "certamente verdade" que houve uma "onda de casos por causa da variante Delta" do vírus. "Mas os cientistas também estão absolutamente certos de que cortamos a ligação entre a infecção e as doenças graves e a morte", disse ele.
Na segunda-feira, no entanto, o principal conselheiro científico do governo, Patrick Vallance, tinha sido mais cauteloso, dizendo que as vacinas "enfraqueceram o vínculo entre os casos e as hospitalizações - mas é um vínculo enfraquecido, não um vínculo completamente rompido".
Boris Johnson anunciou que o uso de máscaras e as regras de distanciamento não serão mais obrigatórios na Inglaterra
Reuters/BBC
Fim das restrições em 19 de julho
Boris Johnson anunciou nesta semana que o uso de máscaras e as regras de distanciamento não serão mais obrigatórios na Inglaterra.
O fim dessas medidas deve ser adotado em 19 de julho, segundo o governo. Elas estavam inicialmente previstas para junho, mas foram adiadas diante do aumento do número de casos. A confirmação do fim dessas precauções ocorrerá na próxima semana, após o governo avaliar os dados mais recentes.
"Se não prosseguirmos agora (com a flexibilização), com o programa de vacinação avançando, quando iremos em frente?", disse Johnson.
Para defender o fim das restrições, ele também citou o clima quente do atual verão na Inglaterra como um dos motivos para a flexibilização.
"Corremos o risco de reabrir em um momento muito difícil, quando o vírus tem uma vantagem nos meses frios ou novamente adiando tudo para o próximo ano", disse.
A previsão do governo é suspender as restrições de distanciamento que ainda restaram, incluindo os limites legais na quantidade de pessoas que podem se encontrar em ambientes internos e em grandes eventos e apresentações.
Ao mesmo tempo, as máscaras, que hoje são obrigatórias em ambientes fechados - como lojas e transporte público -, deixarão de ser exigidas.
Críticas ao fim das medidas de distanciamento
A Associação Médica Britânica (BMA, na sigla em inglês) defendeu nos últimos dias que algumas medidas devem ser mantidas em vigor após 19 de julho. A entidade pede o uso contínuo de máscaras e novos padrões de ventilação.
Segundo ela, é fundamental proteger o sistema público de saúde (NHS), a saúde e a educação em meio ao que chama de um aumento alarmante de casos.
A oposição ao governo critica a medida de Boris Johnson. O líder do partido trabalhista, Keir Starmer, disse que o primeiro-ministro está levando o país a um "verão de caos e confusão", ao comentar os planos de flexibilizar as últimas medidas de distanciamento.
Ele defendeu que o Reino Unido deveria fazer a abertura "de uma forma controlada" e pediu a Johnson para garantir que máscaras ainda sejam usadas no transporte público.
'Cuidado para não perder os ganhos'
Na Organização Mundial da Saúde (OMS), o diretor de emergências, Mike Ryan, disse que os países devem agir com extrema cautela ao reabrir suas economias após restrições necessárias devido à covid para "não perder os ganhos que obtiveram".
Questionado em uma entrevista coletiva se o Reino Unido estava visando a imunidade coletiva, Ryan disse: "Desconheço que essa seja a lógica que motiva nossos colegas no Reino Unido, suspeito que não."
Ele acrescentou que o argumento de que seria melhor infectar mais pessoas era moralmente vazio e epidemiologicamente estúpido.
Vídeos: Os mais assistidos do G1 nos últimos 7 dias

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/08/covid-multidoes-sem-mascara-vitoria-na-euro-e-variante-delta-levantam-duvidas-sobre-plano-de-reabertura-do-reino-unido.ghtml

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