27/08/2021 às 21h33min - Atualizada em 28/08/2021 às 00h00min

Indígenas brasileiros e peruanos denunciam desmatamento ilegal na fronteira entre os países

Estrada que está sendo construída ilegalmente ameaça mais de 30 comunidades, além de outros povos tradicionais, como seringueiros e ribeirinhos.

Portal G1
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/08/27/indigenas-brasileiros-e-peruanos-denunciam-desmatamento-ilegal-na-fronteira-entre-os-paises.ghtml

Estrada que está sendo construída ilegalmente ameaça mais de 30 comunidades, além de outros povos tradicionais, como seringueiros e ribeirinhos. Indígenas do Brasil e do Peru estão denunciando o desmatamento ilegal perto da fronteira
Indígenas do Brasil e do Peru estão denunciando o desmatamento ilegal perto da fronteira.

Município de Marechal Thaumaturgo, extremo oeste do país. Uma das regiões mais isoladas da Amazônia e fronteira do Brasil com Peru. Do alto, a floresta parece intacta...

Por terra, máquinas rasgam a mata rapidamente do lado peruano e cortam territórios indígenas e áreas de conservação para a construção de uma estrada clandestina.

Um líder Ashaninka de uma aldeia peruana está preocupado. Ele diz que, se as empresas madeireiras ingressarem na área da comunidade, vai gerar um problema social. Sem estudo de impacto ambiental, sem obedecer aos critérios ambientais, contaminando o meio ambiente, criando um caos.

A Associação Ashaninka do Rio Amônia, que fica no Acre, fez um dossiê para denunciar o desmatamento ilegal na fronteira e a ameaça aos povos indígenas dos dois países.

A história da estrada UC-105 não é nova. Começou a ser aberta em 1988 por uma petrolífera americana, e foi abandonada dois anos depois. Na década de 1990, mais uma tentativa e outro abandono. Nos últimos oitos meses, a estrada avançou bastante e chegou a 11 quilômetros da fronteira com o Brasil.

Ainda segundo o relatório, a estrada ameaça mais de 30 comunidades indígenas do Brasil e do Peru, além de outros povos tradicionais, como ribeirinhos e seringueiros.

Grandes rios, como o Juruá, que desaguam no Amazonas nascem na região e também podem ser afetados. Um dano ambiental gigante numa das regiões mais ricas em biodiversidade da Amazônia.

“Nós nos preocupamos muito, porque ali tem muitas nascentes de grandes rios, e isso acarretar prejuízos para toda a bacia do Juruá, para a bacia dos rios menores. Além disso, é uma das regiões mais preservadas que a gente tem, é um grande corredor de conservação que nós temos”, disse Sonaira Silva, engenheira agrônoma e pesquisadora da Universidade Federal do Acre.

Além do risco ao meio ambiente e às populações tradicionais, existe ainda o medo da ação dos grupos de narcotraficantes.

“Nós estamos muito assustados. É uma estrada que vai impactar diretamente a nossa vida no lado do Brasil. A gente não sabe até onde essa exploração pode chegar, inclusive o risco de vida que a gente pode ter na fronteira quando se posicionar contra, porque do lado do Peru acontece muito. A liderança fica contra, então eles passam por cima, atropelam e inclusive matam pessoas. No Brasil, a gente tem uma posição muito clara de ser contra esse tipo de atividade ilícita que está ocorrendo na região, então corremos também, de alguma maneira, risco”, disse Francisco Piyãko, da liderança Ashaninka da Apiwtxa, no Acre.
A Funai declarou que está analisando o caso, e que, por se tratar de uma área de fronteira, são necessárias mediações diplomáticas com o Peru, onde a estrada está sendo aberta.

Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/08/27/indigenas-brasileiros-e-peruanos-denunciam-desmatamento-ilegal-na-fronteira-entre-os-paises.ghtml

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